O palacete erguia-se no meio do
quarteirão. Era, realmente, linda casa!
As paredes haviam recebido
pintura bastante agradável. A porta de entrada fora artisticamente trabalhada.
Escadas e pisos de mármore conduziam à varanda luxuosa. Vastos jardins cercavam
toda a residência. Flores multicoloridas desenhavam canteiros diversos. No
centro do amplo pátio, elevava-se graciosa fonte, jorrando, tranquilamente.
Entretanto, o interior da casa
era desolador. Teias de aranha cobriam o teto e os cantos. Móveis arruinados
revestiam-se de espessa camada de poeira, denotando falta de limpeza há muito
tempo. Por fim, marcas enlameadas delineavam-se no piso abandonado e semi destruído
Isto ocorre conosco nos caminhos
da vida. Geralmente, gastamos tempo e fortuna no tratamento do corpo. Cabelereiros
e cosméticos são exigidos para o realce da beleza. Modistas e alfaiates são
requisitados para a manutenção da elegância. Unhas são esmaltadas com
delicadeza e gosto. Contudo, dentro de nós alimentamos a vaidade e o orgulho, a
prepotência e as paixões, cultivando preguiça e desequilíbrio e constituindo
nossa mobília interior, arruinada e suja, na forma de pensamentos enfermiços.
Valérium
(De “Histórias da
Vida”)
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