Estávamos nos idos de 1967, quando eu formada em magistério, pela Escola Normal Àlvaro Diniz -Laje do Muriaé-RJ, com apenas 17 anos teria que esperar maioridade para prestar concurso pra lecionar no Estado do Rio. Resolvi que viria cursar Faculdade de Filosofia Santa Marcelia em Muriaé-MG. Era segunda-feira, dia 9 de janeiro e estava iniciando um cursinho no Colégio Santa Marcelina da cidade mineira de Muriaé. Seria pois, uma ótima oportunidade para a realização do Vestibular em fevereiro.
Naquela época eramos por volta de 40 moças, recém formadas e muito determinadas a passar no vestibular de 1967, a frequentar aquele cursinho preparatório. Eu, me preparei pro curso de Pedagogia, outras pra Letras e Matemática, que eram os cursos superiores oferecidos. Algumas por serem de fora da cidade, eu de Laje do Muriaé, ficamos hospedadas tipo pensionato no proprio Colégio. Pela manhã assistíamos aulas e a tarde completávamos nossas atividades num espaço que foi destinado para estudos. O preço do pensionato, incluia - café da manhã, almoço e café da tarde.
Naquela época eramos por volta de 40 moças, recém formadas e muito determinadas a passar no vestibular de 1967, a frequentar aquele cursinho preparatório. Eu, me preparei pro curso de Pedagogia, outras pra Letras e Matemática, que eram os cursos superiores oferecidos. Algumas por serem de fora da cidade, eu de Laje do Muriaé, ficamos hospedadas tipo pensionato no proprio Colégio. Pela manhã assistíamos aulas e a tarde completávamos nossas atividades num espaço que foi destinado para estudos. O preço do pensionato, incluia - café da manhã, almoço e café da tarde.
Enquanto aguardávamos a chegada do professor, fomos nos interagindo uns com os outros. Poucos rapazes. Dentre eles eu nem sabia que estava o coordenador e professor do curso. Sabia sim, que era uma pessoa muito culta, ex-seminarista, que falava vários idiomas, mas não o conhecia pessoalmente. Imaginava um professor de certa idade. Qual não foi minha surpresa quando descobri que aquele simpático, mas sério jovem de 22 anos, seria o professor responsável pelo meu sucesso no vestibular. Ohhh, meu coração balançou de verdade, acredite se quiser! O nome dele? ---Lúcio Gusman.
Imagine um jovem profissional professor, já dono de um brilhante currículo? Imaginou? Então, era ele o próprio rsrsrs. Encheu meus olhos!!! E eu, mocinha, com os meu 17 aninhos (tudo em riba), sem nunca ter saído das barras dos meus pais, nem daquele nosso interiorzão, achava estranho quando nos intervalos, as jovens colegas cercavam o mestre pra papear e dar boas risadas. Sempre muito assediado!!! Enquanto isso eu ficava no meu canto!
Dentre as coleguinhas, uma amiga de Laje e colega de magistério estava interessada nele. Pediu-me para ajudá-la na conquista, foi quando comecei, junto com ela, a chegar mais perto para a jogação de charme. Pra que me pediu ajuda? AHHH e não é que ele entendeu errado, confundiu, achou que era eu a interessada nele! RsRs Rs... Acontece que eu já era comprometida com um paquerinha da minha terra e prometido fidelidade. Estava eu "nadica de nada interessada"nele.
Durante uma das aulas, enquanto escrevia os textos de Camões para serem analisados, eu ficava a repará-lo: sapatinho engraxado, calça larga e camisa social, sem nenhuma aliança nos dedos. Apesar da letra linda, da boa dicção e de seu belo sorriso, achei-o muito cabeçudo . Por ser fumante, perdeu ponto comigo: um cigarro atrás do outro, que bafo, socorro! Exatamente aquela parábola da raposa e as uvas"rsrsrs...
Primeiros dias, uma semana e o professor foi me conquistando com seu profissionalismo, competência, compreensão, despertando meu interesse para que aprendessemos e fizessemos as tarefas. Atencioso com todos nós!.
Estávamos ainda na segunda semana de cursinho. Professor Lúcio lecionava Francês, História e Português. Enquanto escrevia no quadro para copiarmos e realizarmos a tarefa, eu fiquei a observá-lo imaginando-o num pedestal e que talvez não houvesse chance nenhuma dele agradar de mim, com tantas a agradar dele! Absorvida em meus pensamentos não realizei a tarefa. Foi quando, tcham...tcham...tcham... ele virou do quadro e fixou fundo seus olhos aos meus, e perguntou: --Já fez a tarefa? Nada respondi, mas condenei. Fiquei vermelha, branca, grená, azul e de tudo quanto foi cor de vergonha, pois eu nem havia copiado o que era pra fazer! Ele até ficou um tanto sem graça ao se aproximar de minha carteira, fechei depressa meu caderno. Ai...ai...ai... sai pra beber água. Nem me lembro se pedi licença!
Naquela semana teve um big show dos Beatles Cover, em Muriaé, que lotou o antigo espaço do cinema, (onde hoje ocupa a Caixa Econômica). Ao passar de carro com um amigo, o professor viu a galera de alunas na fila. Estava cabeludo, resolveu ir e ficou conosco. Foi então que notei um certo interesse dele por mim. Só notei, nada demais!
Ao final da semana quando fui pra casa, falei com meus pais que parecia que o professor estava agradando de mim. Talvez estivesse enganada, mas foi um sufoco! Meus pais ficaram bravos comigo. Imaginaram alguém de certa idade também. Dindinha Mirian( minha madrinha e segunda mãe) morava no Rio e estava nos visitando em Laje. Mamãe queria até que eu não voltasse para o cursinho, "pois tinha ido pra estudar e não pra arranjar namorado ainda mais o professor". E que eu já tinha um paquerinha embora um ano e pouco mais novo que eu, filho de amigos, tinha futuro certo. E agora? Volto ou não volto pro cursinho? Dindinha Mirian contornou a situação. VOLTEI prometendo não dar confiança e nem um sorriso pro professor. Passei a dar gelo nele.
Ele notou a minha indiferença e numa bela manhã daquela semana me entregou uma caixinha daqueles cigarros importados que fumava. _ Ué que isso? Abri a caixinha e quão grande foi a minha surpresa! Tinha um bombom sonho de valsa acompanhado de uma poesia , intitulada "TUDO VERDE" ( Tudo verde... até o céu e as estrelas...tudo verde... porque verde os olhos dela).
Daí, não tive como ficar mais séria pra ele. Abri o jogo e disse que meus pais não queriam que eu continuasse o cursinho, eu iria voltar pra casa, pois não fui ali pra arranjar namorado e ainda mais o professor que no mínimo devia querer me enrolar. Foi quando ele decididamente disse, vou lá então me apresentar, conhecer e falar com seus pais! Ham??? Socorro, pensei, : vai sair corrido de Laje do Muriaé!
Daí, não tive como ficar mais séria pra ele. Abri o jogo e disse que meus pais não queriam que eu continuasse o cursinho, eu iria voltar pra casa, pois não fui ali pra arranjar namorado e ainda mais o professor que no mínimo devia querer me enrolar. Foi quando ele decididamente disse, vou lá então me apresentar, conhecer e falar com seus pais! Ham??? Socorro, pensei, : vai sair corrido de Laje do Muriaé!
Era Carnaval de 1967! Consegui a pousada da Dona Augusta pra se hospedar. Ele levou seu amigo e primo (Antonio José). Apresentei aos meus pais: Esse é meu professor Lúcio Gusman! Meus pais que imaginavam um professor idoso, viram que estavam equivocados e foram muito gentis com os dois, arranjando um local mais aconchegante para ficarem.
Voltei com tudo pra me preparar para o vestibular. Uffa..Passei fazendo outra prova de Inglês! Lúcio foi meu estímulo e me ajudou bastante inclusive me preparando para o concurso ao Magistério do RJ que fiz em 1968 conseguindo alcançar o primeiro lugar dentre os concursados de Laje do Muriaé na época. A ele minha gratidão eterna!
Aguarde que este relato tem continuação!
Aguarde que este relato tem continuação!
CURIOSIDADE: O que é um RELATO PESSOAL
O Relato Pessoal é a modalidade textual que apresenta um
fato marcante na vida do narrador. A sequência textual é narrativa, podendo
também ser descritiva – descrevendo os lugares, as sensações, pessoas e
objetos.
As características de um relato são:
Textos narrados em 1ª pessoa – EU/NÓS.
Verbos no presente e passado.
Experiências pessoais.
Presença de emissor e receptor.
Caráter subjetivo.
O relato é formado por:
Título: o título, ainda que simples, deve esclarecer o tema
do relato.
Introdução: curta, apresenta uma breve visão do local,
personagens e situação que irá ser narrada.
Contexto: narração do ocorrido utilizando os tempos verbais
presente e passado, sempre situando o local em que ocorrem os fatos.
Desfecho: após apresentar a ordem do acontecimento, encerrar
com o aprendizado que a situação lhe trouxe, uma questão que surgiu após esse
ocorrido ou uma dica ao leitor sobre o que fazer nessa situação.
O relato também deve conter um tema e personagens relevantes
ao seu desenvolvimento.
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